3ª ETAPA – DESENVOLVENDO O PROCESSO DE LEITURA
No segundo
estágio eram apresentadas formas geométricas (circulo, quadrado e
triângulo) utilizadas para desenvolver habilidade de identificar,
discriminar e perceber estímulos visuais para reconhecimento (leitura),
inicialmente com fundus preto e luminária que aos poucos, após melhor
utilização e desenvolvimento funcional visual, eram retirados, ficando
apenas a atividade em folha branca e com caracteres coloridos
(contrastantes) e com altos contrastes (preto no branco e branco no
preto), aplicativos para computadores, bem como adaptação do meio em que
vive, atividades de lazer e rotina visual.
Os
estímulos visuais, a princípio, eram simples e isolados, possibilitando
atingir gradativamente estímulos mais complexos. Para isto, foi
indispensável o uso de alto-contrastes principalmente preto no branco e
branco no preto e diversificação das texturas (alto-relevo,
médio-relevo, baixo-relevo, e aos poucos, sem nenhum relevo) para
trabalhar as funções visual-cognitivas, visomotora e coordenação motora.
Visando
integrar suas habilidades visuais às táteis, olfativas, auditivas e
paladares, após desenvolvimento de suas habilidades citadas
anteriormente e, com uso da luz na luminária, foram inseridas atividades
como adivinhações e experiências com contação de estórias (livros
adaptados com variação de relevos e contrastes), músicas (com imagens
simples em cartelas. Ex: a janelinha fecha... a janelinha abre...),
entre outras. Através destas e outras atividades apresentadas,
buscava-se também fazer com que esta procurasse inicialmente utilizar a
visão para identificar e confirmar através do tato. Estas atividades
foram desenvolvidas de acordo com sua faixa etária e condição visual. A
cada evolução visual apresentada eram adaptadas novas atividades para
atender suas carências e desenvolver novas habilidades.
Desta
forma, em 2007, com cinco anos de idade, tornou-se possível adaptar as
atividades escolares no nível pré-escolar objetivando prepará-la para
utilização de seu resíduo visual com atividades escolares em negro
simplificadas. Aos poucos, foram sendo trabalhadas as funções
visual-cognitivas, visomotoras e coordenação motora, sendo assim, já era
possível adaptar as atividades escolares e esta poderia possivelmente
ingressar em sala de aula comum e, sendo assim, alfabetizá-la em negro.
Com um pré-escolar integrado, a criança passa a ser objeto de uma
constante observação e atenção da professora que orienta, ajuda e
aconselha. Ela não recebe apenas uma boa educação (bons hábitos e boas
maneiras), mas aprende a pensar, observar, julgar, ser justa, paciente,
honesta e prestativa.
Durante este período, realizei a adaptação
de alguns aplicativos para computadores e apresentações de estorinha
para DVD, entre outros. BS então passou a realizar atendimentos também
com o uso de mais este recurso. No final de cada atendimento era lhe
dado o direito de “brincar no computador” ou “assistir estorinha pela
televisão”, etc.
Após
alguns meses de uso deste recurso, observei que ela além de não girar
mais a cabeça com tanta freqüência na tentativa de acompanhar o
personagem, já era capaz de diferenciar tamanhos, posições e algumas
formas mais complexas.
Quanto ao processo visomotor, foi
necessário desenvolver as habilidades de leitura e escrita
separadamente. Nesta mesma ocasião, BS demonstrou o interesse pelo
desenho. Deste modo, iniciaram-se mais uma fase de desenvolvimento... e
os ensaios para o processo de escrita eram constantes. Eis que surgiam
as mais novas garatujas.
VYGOTSKY
(1989) avalia que a criança, na arte de desenhar, realiza os ensaios
prévios da linguagem escrita. Para FERREIRO (1987), o processo inicial
de escrita ocorre de acordo com a representação escrita do pensamento e
interpretação da criança com o mundo que a cerca. Os sinais projetados
no papel se configuram inicialmente em simples movimentos motores e
progressivamente experimentam outros rabiscos sugerindo novos
significados para simular objetos, histórias ou brincadeiras. BS
realizava desenhos sem lógica (garatujas) apesar de não poder ler ainda o
que escreve, ela faz desenhos da forma que interpreta a imagem, ou
seja, com o mesmo direcionamento supracitado.
Nesse
sentido, cabe ao professor direcionar as atividades na centralização
com uso do desenho: ilustrações de fatos reais (em sala de aula, em
passeios, representação de objetos, desenho livre...), como a linguagem
de imagens se aproximando do objeto a ser representado. Podemos dizer
que o desenho é um simbolismo inicial, pois mantém características
formais do objeto. Já, na escrita, sistema articulado de símbolos e
signos, constitui-se em representação subseqüente e elaborada, por
representar a língua oral que, por sua vez, representa o pensamento, não
mantendo nenhuma característica formal do objeto representado.
Utilizando-se
este referencial teórico e observando o estágio de desenvolvimento em
que se encontra, é possível adotar uma metodologia que se processe nas
três fases para aprendizagem: Exploração, Conhecimento e Representação, e
Aplicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário